segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

A festa da colônia





Colônia de Férias Comunitária completa 20 anos mais forte do que nunca e
 faz a festa de crianças e jovens.



Fotos de Gabriel de Paiva













































































































Colônia de férias no Chapéu Mangueira
tira 300 crianças da vulnerabilidade

Por Nathália Boere

Arthur Oliveira tem 8 anos, vai começar a cursar o 3º ano do ensino fundamental na escola municipal Roma, em Copacabana, no próximo dia 11 e está triste. É que, durante o recesso escolar, o menino, morador da Rocinha, em São Conrado, se muda para a casa de um tio no morro da Babilônia/Chapéu Mangueira para participar da colônia de férias das comunidades do Leme, que acaba nesta sexta-feira. Durante o mês de janeiro, ele e outras 300 crianças passaram os dias indo para a praia, para o cinema, para clubes. E, em casa, ele tem que brincar sozinho mesmo.



- Ouço muito tiro na Rocinha, fico com medo. Lá, não consigo brincar na rua, porque é perigoso. Prefiro estar aqui. Vou sentir muita saudade dos meus amigos - disse Arthur nesta quinta, enquanto almoçava com outras crianças da colônia na quadra do Chapéu Mangueira.



A Colônia de Férias Comunitária foi criada há 20 anos pelo jornalista Ivan de Jesus Costa, morador da comunidade. Ele consegue levar adiante o trabalho com a ajuda voluntária de moradores locais, que doam alimentos e atuam como monitores e professores das crianças. O projeto, que custa o valor simbólico de R$ 30 por aluno, é voltado para meninos e meninas de 4 a 14 anos, de diversas comunidades do Rio, que fazem atividades de lazer de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.



- A ideia é ocupá-las ao máximo, para que não fiquem soltas nas ruas. É muito importante não deixar essas crianças ociosas, expostas à violência. Elas ficam muito vulneráveis durante trocas de tiros. E também precisamos oferecer possibilidades, para que elas não se envolvam com o crime - observou. 


Uma das atividades oferecidas é uma visita aos quartéis da Marinha, na Zona Portuária. Ivan contou com orgulho que 20 ex-alunos da colônia ingressaram nas Forças Armadas. A estudante do 9º ano Maria Eduarda Souza, de 14 anos, é uma das que decidiram seguir a carreira militar após visitar as instalações da Marinha este mês.



- Você vê aquelas mulheres com uniforme, bem arrumadas e se inspira. É uma perspectiva de melhorar de vida - afirmou Maria Eduarda.



Ivan agora se prepara para organizar a colônia do ano que vem e espera poder contar com doações de empresas privadas. Este ano, ele teve que cancelar alguns passeios externos por falta de verba para alugar ônibus para transportar as crianças:



- Fazemos tudo na raça e na resistência mesmo. As crianças sonham com isso o ano inteiro. A colônia não pode parar.